sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Esse eu vi: 127 Horas (127 Hours)

                                                                  *Atenção! O texto narra detalhes do filme.


Algumas vezes, ao longo da minha vida, sonhei estar em situações desesperadoras e não ter como pedir ajuda. Já sonhei estar em um carro numa descida, sem saber dirigir e também que estava dependurado num precipício. Em todas as ocasiões, a sensação de acordar e perceber que tudo era um sonho era de um imenso alívio. É justamente essa sensação que o filme 127 Horas passa ao telespectador, a de que a qualquer momento o protagonista irá acordar em sua cama e dizer um "Ufa, estou em casa". Engraçado que isso ocorre mesmo quando se está ciente de que essa é uma história verídica, tamanha é a angústia que se tem ao ver uma pessoa sozinha, presa em uma fenda claustrofóbica. Simplesmente não parece algo real ou mesmo possível. Mas foi, pelo menos para o americano Aron Ralston.

Em abril de 2003, Aron Lee Ralston, um alpinista experiente, explorava as fendas de um Canyon em Utah. Fazia parte de sua rotina explorar esses lugares sozinho, talvez pela sensação de pisar em lugares onde outras pessoas jamais estiveram, de desbravar o desconhecido. Numa dessas fendas havia uma rocha posicionada entre duas paredes de pedra. Rochas como esta podem passar anos sem sequer se movimentar, entretanto, num momento de azar, a rocha se soltou e rolou pela fenda, prendendo o braço de Aron em um ponto próximo ao chão, na base da fenda. Era o começo das incríveis 127 horas de angústia que viriam a seguir.

É interessante notar a aparente calma na forma com que Aron lida com toda aquela situação. Em seu período preso na fenda, o alpinista conseguiu ter foco suficiente para pensar em mecanismos para a remoção da pedra através dos esquipamentos de que dispunha, além de gravar vídeos explicando a situação e, de certa forma, se despedindo de seus entes queridos. Na mesma situação creio que não conseguiria ter sanidade para fazer nada disso. Ou talvez tivesse, quem sabe, não é possível prever o que uma pessoa é capaz de despertar frente ao risco  de morte iminente.


Pequeno trecho da gravação original feita por Aron dentro da fenda.

Com relação ao filme em si, pode-se dizer que a edição é muito bem estruturada. Desde o início vemos trechos aparentemente irrelevantes do cotidiano de Aron que, no decorrer da narração, se mostram extremamente importantes, como o fato dele deixar para trás seu canivete suíço, esquecer a garrafa com a bebida energética no carro ou mesmo o fato de deliberadamente nunca avisar ninguém onde iria. A medida em que a situação vai se tornando mais angustiante, Aron se lembra de todos esses pequenos deslizes que cometeu no seu caminho até aquela fenda no meio do nada (mostrados em rápidos flashbacks). Pequenas faltas, que se tornariam erros mortais após o acidente.


James Franco como Aron Ralston

O verdadeiro Aron Ralston

James Franco carrega o filme praticamente todo sozinho, quase que como em um monólogo e de maneira brilhante, não foi atoa que foi indicado ao Oscar de melhor ator pelo trabalho. A construção do personagem, por sinal, foi muito profunda, o próprio Aron relatou em entrevistas que familiares e amigos seus afirmaram que havia muito dele na atuação de James Franco, algo que demostra a entrega do ator ao personagem. Com relação ao verdadeiro Aron, a propósito, depois de todo o sofrimento ele afirma ter aprendido muito com a situação. Parte das alucinações que ele teve dentro da fenda se revelaram premonitórias, se concretizando poucos anos após o acidente. Sendo assim, conforme mostraram suas visões, Aron se apaixonou, se casou e teve um filho e, embora não tenha largado a vida aventureira, jamais voltou a sair sem avisar onde iria. 


Assistam 127 Horas e se surpreendam, vale muito a pena.

Classificação:

 5 hits!

Trailer:





3 comentários:

Anônimo disse...

O certo é "morte iminente". :)

Wendell disse...

Rsrs Corrigido! Thanks ;)

Fabi disse...

Puxa o Aron de verdade não é de se jogar fora não, eu pegava e ainda fazia curativo no braço dele. Mas ainda prefiro o James Franco. Adorei o filme e o post do blog! Bjim!

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