Nos primórdios da década de 90, quando a internet era ainda uma fantasia futurista, as revistas de games eram a única grande fonte de informações para a comunidade gamer. Como se tratava de um segmento relativamente novo no mercado editorial brasileiro, as revistas tiveram que inventar seu próprio modus operandi, se desdobrando para conseguir trazer ao público brasileiro as informações do mercado internacional de games (algo que faziam com relativa desenvoltura, considerando as carências da comunicação na era pré-internet).
Numa época em que o mercado de games era relativamente jovem, os jornalistas, já adultos, não tinham tido contato com os vídeo games durante a infância. Dessa forma, não havia maneiras desses profissionais descobrirem sozinhos todos os segredos de um game, o que estimulou o surgimento da profissão mais sonhada pelos garotos da época: os pilotos de games. Os pilotos eram o que a industria atual conhece por game testers, com a diferença que eles trabalhavam para as revistas e não para as produtoras de games como hoje em dia. Eram eles os responsáveis por jogar, descobrir os truques e transmitir todas as informações necessárias para que os jornalistas elaborassem suas matérias. De fato, jogar todos os lançamentos antes dos outros e ainda ser pago para isso era a materialização do sonho perfeito daqueles garotos que tiveram a sorte de se tornarem pilotos de games das grandes revistas.
Página da edição 86 da Ação Games, publicada em 1995, mostra a versão de Fatal Fury Special para o fracassado Sega CD |
O esforço das revistas de games da década de 90 criou um segmento de leitores extremamente fiel e apaixonado, que participava ativamente das publicações por meio de cartas, desenhos e outras formas de interação. Uma das pioneiras, a revista Ação Games era a segunda mais popular no mercado, perdendo apenas para a Super Game Power. Num período onde já havia a famosa rivalidade entre os fãs de Nintendo e Sega, as revistas de games também despertavam um certo fervor nos leitores, de maneira que muitos dos que liam Ação Games não liam Super Game Power e vice-versa. No vídeo abaixo vocês conferem uma interessante reportagem do Uol Jogos com os responsáveis pela Ação Games durante o auge da publicação:
4 comentários:
Eu comprava mais SGP, era a melhor, com detonados cheios de fotos, bem detalhados mesmo... Todo inicio de mês era um ritual ir na banca procurar pela SGP
Ótimo post!!!
Eu lembro das primeiras Ação Games, como disse a mulher da reportagem, elas tinham um formato diferente das demais, na verdade elas eram enormes e coloridonas, eu adorava
De início, Ação Games era a melhor e completa revista de games do Brasil. Apesar de ser muito boa também, sempre achei a SGP muito infantil, com aqueles personagens nada a ver, como Chefe, Marjorie Bros, Baby Betinho e etc...
Mas com o tempo a Ação Games foi decaindo de qualidade e ficou muito infantil também, justamente na época que veio uma revista super detalhada e voltada para o público adulto: "A Gamers". Junta-se a isso as escolhas erradas na linha editorial, e acima de tudo, a internet, e temos o fim desta outrora tão famosa revista...
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